Batedor e o Besouro
- MIPHYYR... NAFYNN... VENHAM TOMAR O
DESJEJUM!! - gritou lá de baixo Nagwen Miryfin, a irmã mais velha entre os 5
irmãos, segurando em uma mão a leiteira com leite quente e mexendo com a colher
o omelete que ficava pronto na panela com a outra.
- JA ESTAMOS DESCENDO - respondeu Nafyn -
então é hoje que vocês vão ir pra Seraph Woods "caçar"? - se
dirigindo a Miphyr enquanto desciam as escadas.
- Shhhh! Não fale sobre isso aqui dentro sua
idiota, Mirkuh tinha dito que ouviu três viajantes falando na estalagem ontem,
que iam comprar joias e peles de animais e seguiriam viagem por lá e ninguém
pode saber que vamos para lá hoje. Certamente eles não sabem andar por lá
melhor que eu e Mirwall, vamos ser rápidos e rasteiros, nada de ruim vai
acontecer, mas agora fique quieta!
- Grosso! E eu vou junto!
- Não vai não! Shhh! - sussurrou Miphyr -
Bom-dia maninha querida, o que tem para comer? To morrendo de fome!! -
adentrando na cozinha e sentando a mesa.
- Tem pão, cogumelos, omelete, chá e leite
quente. Seus irmãos já acordaram há muito, Mirkuh foi para biblioteca e Mirwall
tá lá fora afiando as adagas e flechas. Vocês realmente vão roubar aqueles
burgueses mesmo? - pegando Miphyr de surpresa.
- Como você sabe?? Mirwall falou??? Por favor não
conte pra ninguém Nagwen, eu vou trazer um colar bem bonito pra você!
- É obvio que não vou falar nada e também é
obvio que você vai trazer um colar E umas luvas de raposa pra mim. Vocês não me
tem como tola né? Vocês já vem fazendo isso há algum tempo, só lhes digo para
tomar cuidado com quem vão roubar e nunca roubem de quem precisa mais que a
gente, sejam cuidadosos por favor. - respondeu ao mesmo tempo que colocava
leite quente na xícara dos três e servia o omelete.
- Sempre somos cuidadosos, eles só
descobrem que foram roubados depois que acordam e aí já é tarde demais. -
Miphyr dá um olhadela sobre os ombros pra ver se ninguém estava por perto e
conta para as duas, diminuindo o tom de voz - enquanto Mirkuh fica distraindo o
restante da família, eu e Mirwall vamos sair no entardecer e começar a seguir
os viajantes, quando eles montarem acampamento iremos esperar até irem dormir,
iremos pegar o que conseguir e dar o fora, Hera vai junto, mas você não vai Nafyn,
você tem que ajudar o Mirkuh durante nossa saída. - então um besouro enorme sai
de dentro das vestes de Miphyr, parecia feito de esmeraldas, seu chifre
vermelho rubi era enorme e quase duas vezes o seu corpo - essa é Hera, achei
ela na floresta umas semanas atrás, depois que vi ela matando uma centopeia que
entrava nas minhas botas decidi que iria cuidar dele ou dela, não sei
diferenciar o sexo de insetos.
- Espero que esse bicho asqueroso nunca chegue
perto de mim Miphyr... Tudo bem irei ajudar Mirkuh mas também quero uma parte
do que vão roubar - e Nafyn sai acompanhada de Nagwen.
- Não escute ela, você não é asqueroso -
enquanto comia seu desjejum e o enorme besouro parado na sua cabeça abria e
fechava suas asas.
- MIPHYR, VENHA AQUI ME AJUDAR! - Mirwall o
chamava lá fora, ele então vai e ajudando seu irmão com as tarefas, aguarda
ansiosamente o dia chegar ao fim.
O sol começa a descer no horizonte, os
preparativos para "a caça" estão finalizados e os dois então partem
para a entrada da floresta enquanto aguardam os tais viajantes fazerem suas
compras e se dirigirem para lá. Mirwall Miryfin era o halfling mais alto que
Miphyr já tinha visto, cabelo e olhos castanho claro, brincos na orelha de ouro
que outrora pertenceram a algum irmão ou filho de seu avô, Gimb Miryfin, ele
então estufa o peito e começa:
- O negócio é o seguinte, roubar sem matar,
não esqueça da primeira regra! Se matarmos todos que roubamos, não teremos quem
roubar depois e aí teremos que trabalhar na terra, e eu não pretendo trabalhar
na terra, quero ser maior que nosso avô! Só mate se for preciso, pior que
trabalhar na terra é estar morto ou preso... Vamos segui-los por cima das
arvores, esperaremos eles dormir, distraímos o que ficar de guarda com algum som
de animal, roubamos e vazamos fora, entendeu?
- Claro que sim, com certeza não teremos que
brigar, parece que os viajantes são dois humanos que passaram a semana bebendo
cerveja e falando alto na estalagem da tia, espero que suas cabeças estejam
cheias de cerveja do mesmo jeito que a barriga enorme deles.
- Hahaha, então irei ter acordado cedo em vão,
ótimo! Vamos pôr o plano em pratica.
Tudo inicialmente acontece exatamente como
eles planejaram, os viajantes chegam com enormes sacas cheias de pele de
animais, um saco menor aparentemente cheio de moedas ou joias, falando alto
meio bêbados nem percebem que estão sendo seguidos pelos halflings da família
Miryfin. Passando duas horas de caminhada dentro da floresta, para a surpresa
dos jovens ladinos, eles chegam numa espécie de acampamento, estão sendo
aguardados por um terceiro homem, careca e com uma cicatriz no rosto que não possuía
o olho direito.
- FINALMENTE CHEGARAM, SUAS TOPEIRAS! QUE
DEMORA DO CARALHO! Espero que tenham enganados aqueles idiotas com as moedas
falsas.
- Claro que sim, compramos tudo usando essas
moedas que você nos deu e eles nem perceberam hahahaha, nem tivemos que roubar
as peles e joias - o mais jovem dos homens, Peter, pega as sacas e põe numa das
barracas - acamparemos aqui, já que não fomos seguidos vamos comemorar o golpe
de hoje e partirmos daqui antes que a família descubra e lance uma maldição na
gente.
- Que maldição? Você devia estar preocupado é
com os virotes e adagas que os descendentes de Gimb vão querer usar na gente
quando descobrirem que – ele põe a mão dentro da mochila e retira uma capa –
roubamos a capa do antigo rei HAHAHAHA!
Miphyr e Mirwall trocam olhares num misto de
raiva e surpresa, como eles conseguiram roubar a capa de Gimb? Isso não
importava agora, já que vão roubar eles, é só pegar a capa junto. Eles não
contavam com a presença de um terceiro viajante, mas se ele for mais um bêbado
e burro como os outros dois, não mudaria quase nada do planejado.
De cima da árvore eles observaram durante um
par de horas os homens beberem cinco cantis de cerveja, comeram carne de cervo
e então foram dormir, Mirwall então começa a descer a árvore e Miphyr o
acompanha, chegam silenciosamente na entrada da barraca com os espólios e no
momento que abrem a barraca, a visão deles escurece...
- EU SABIA QUE VOCÊS TINHAM SIDO SEGUIDOS!
SEUS PASPALHOS! – Miphyr, com a cabeça latejando e com algo úmido escorrendo da
sua testa se vê amarrado ao lado de seu irmão, que também possuía sangue
escorrendo da cabeça – ora, ora, os ladrõezinhos resolveram acordar –
desferindo um soco no rosto de Mirwall – acharam que conseguiriam roubar do meu
bando de novo jovem Miryfin? Dessa vez compramos várias joias com dinheiro
falso e ainda roubamos a capa de seu avô, acharam que iam conseguir pegar ela
de volta e roubar o que compramos, não é??
- Nós... nem sabíamos que a capa... havia sido
roubada... – e tosse sangue – nos deixe ir embora e podem ficar com ela, só não
machuquem meu irmão.
- HAHAHAHA! Na verdade, iremos pegar dois
coelhos com uma cajadada só! Iremos matar os descendentes de Gimb e ainda ficaremos
com seus espólios! Mas vejamos isso aqui – ele então tira de dentro da barraca
Hera – quer dizer que o pequeno pequenino possui um insetinho de estimação? Essa
praga tentou me cravar seu chifre quando fui tentar amarrar você, sabia?! –
Oxyman então põe o inseto no chão, que começa a caminhar em direção de Miphyr.
- Não a machuque, seu careca! Seu problema é com
a gente não com Hera.
- Essa bostinha tem um nome então, vejamos se
ela consegue se defender, já que não conseguiu te defender.
Ele então dá um pisão com toda força em cima
de Hera, começa a pisar e pisar.
- NÃAAAAAAAAO!! – Miphyr começa a gritar com
os olhos cheios de lagrimas.
- PISA BEEEMMM! AMASSA COM VONTADE OXYMAN!
HAHAHA – Peter ria e gritava junto.
Oxyman para de pisar, o corpo de Hera nada
mais era que restos de um inseto que vivera algum dia e que agora seria
alimento para insetos menores que habitavam Seraph Woods – é, pelo jeito não
conseguiu se defender HAHAHAH!
- Você vai pagar por isso, SEU CARECA CEGUETA!
– Miphyr consegue tirar os nós da corda que o prendiam, saindo correndo na direção
de Oxyman ele puxa a adaga que os ladrões não acharam escondida, pois Hera
havia chamado a atenção para si. Miphyr, ágil como um gato voa com a mesma e
crava ela diretamente no olho esquerdo de Oxy, que cai duro para trás. Sem
reação, os dois bêbados são muito lentos para perceber que era tarde demais,
que Mirwall estava solto e já tinha pego a pequena lâmina que Miphyr jogara
para ele. Ele mata os dois rapidamente, Miphyr nunca vira seu irmão utilizar de
seu treinamento tão eficazmente em uma briga.
- Ele... ele... matou meu amigo, eu tive que
matar ele, me desculpe Mirwall... – ele então cai de joelhos na frente dos restos
e começa a chorar novamente.
- Temos que ir embora Miphyr, pegue o quanto
de joias conseguir, eu vou levar a capa e as peles – ele olha e não vê seu irmão
reagir – Vamos rápido, tenho certeza que nosso irmãozinho tá aprendendo algo
lendo aquela quantidade de livros, talvez ele possa ajudar, agora VAMOS!
Ainda choramingando, eles pegam tudo que
conseguem levar e vão em direção a cidade, a ferida no coração de Miphyr doía
mais que a paulada que levou na cabeça.
- Certeza que ele vai achar algo pra ajudar
Hera. – Mirwall consolava Miphyr.
- Mirkuh é só uma criança de 9 anos, só porque ele
passa o dia todo lendo não significa que ele consiga trazer meu amigo de volta...
de volta a vida...
E Miphyr não estava completamente errado,
nesse período Mirkuh não tinha o poder de trazer os mortos de volta a vida,
pelo menos não naquela época...
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