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3169E6, Era de Sombrata. Dia 18 de Fevereiro.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

- As Quatro Chamas, Parte I -

     Era a primeira vez que, Genesys ou qualquer outra pessoa disse o ferreiro, alguém via por de trás da cortina onde ficavam suas ferramentas e aparatos. Pode então ver com seus próprios olhos o poderoso efeito do feitiço de velocidade daquele homem. Bastou que pronunciasse as palavras da formula mágica para que apenas vultos dele fossem visto. Apenas quando estava parado o que ele estava fazendo podia ser entendido pelos olhos de Gênesys, que mesmo com o seu olho que era diferente dos outros ainda estava confuso quanto as práticas do ferreiro.
     Mesmo com seu incrível conjuramento que tornava sua velocidade superior mesmo assim a construção daquele equipamento foi demorado, já que manusear os metais escolhidos não era uma tarefa fácil de se fazer. E aparentemente, nem mesmo para um ferreiro tão habilidoso quando ele.
     Genesys observava de longe sua espada ser feita. Logo teria em mãos aquilo que por muitos anos carregara como um mero pedaço de papel. Por mais que se sentia bem em ver a espada que tanto ansiava em suas mãos, se preocupava também em ter perdido os planos originais para Lord Kiruh e os outros kemonos que estiveram com ele em Daggerfall.
     Como milhares de pequenas explosões brilhando no escuro o martelo do ferreiro atingia o metal derretido. Os brilhos cintilavam nos olhos de Genesys que não estavam ali no momento. Sua mente acabara entrando em um transe com o barulho do martelo entrando em sua mente. Isso junto com seus pensamentos do que havia acontecido no funeral de Leandro o tornavam distante. Distante...

No dia seguinte os outros aventureiros, que haviam ficado em uma estalagem depois que deixaram seu companheiro no ferreiro, acordaram e foram comer e beber alguma coisa. Durante a mesa falaram sobre o funeral, sobre os kemonos estranhos de Daggerfall que apareceram e sobre a espada. Foi com um ar de seriedade que todos levantaram e foram até Tafhar's Shield para se encontraram com seu companheiro e partirem.
     Quando chegaram encontraram Genesys pagando o homem que entregava a espada para ele e parte do metal que não foi utilizado de volta. O Leão Vermelho guarda sua espada na bainha especial que lhe foi dado (descontando na parte do metal que lhe foi devolvido) e voltou seus olhos para seus amigos. Eles pareciam os olhos de um prisioneiro olhado para seu carrasco antes do momento em que...   Por que?
   - Sua espada bem grande não? - disse Gimb.
   - Sim, me pergunto se é capaz de proteger uma pessoa inteira... - retrucou Löw.
   - Acho que sim. - disse Gimb.
   - Não acha que essa espada é grande de mais para você Genesys? Digo, somos guerreiros furtivos não? - érguntou Arthur.
     No meio de todos, Albert permanecia quieto. Parecia reconhecer tal cena, como se já tivera presenciado. Um déjà-vu, talvez. Mas o que viria a ver agora não estava em suas expectativas.
     Genesys, sem olhar nos olhos de ninguém ou se dirigir a ninguém, sai pela porta. Todos param por um instante e o seguem. O ferreiro, quieto e observativo, nada dissera. Mas parecia saber o que ia acontecer. Lá fora da Tafhar's Shield estavam eles todos, uns de frente para os outros, menos Albert que estava na porta da Tafhar's Shield, observando com um olhar de preocupação.
   - Aonde está indo? - perguntou Arthur perante o silêncio dos outros que pareciam consentir com o que estava acontecendo.
   - Não sei. Mas sei que não irei com vocês... - falou Genesys, com um ar fúnebre.
   - Por que isso agora? - disse Arthur.
   - ... - O Leão dá as costas para todos e segue em frente, com os restos de Valery no baú em seus braços .
     Todos se olham por um instante e se aproximam. Gimb então sugere que todos voltassem para a estalagem onde poderiam decidir o que fazer. E assim o fizeram.

Terminando a busca por um estaleiro ou um caís, eles voltaram para a estalagem. Já sentados e com bebidas nas mãos começaram a falar do funeral e quais poderiam ter sido seus segredos, se é que houveram. Arthur permaneceu neutro durante este assunto, já que havia criado uma certa confiança quanto as ações de Idvith. Querendo voltar para BlueStone estava Gimb e Löw, que pareciam não ver muito o que ganhar e fazer aqui em Horntown.
   - Acho que... - falou Albert.
   - O que foi Albert? - questionou Löw
   - Acho que deveríamos trazer o senhor Genesys de volta.
     Todos ficaram quietos quando Albert disse aquilo.
   - Uma pessoa sozinha nunca está em segurança. Do que será dele? Estou preocupado...
   - ... - Arthur se mexeu na cadeira quando ouvira isso.
   - E, se ele... - Albert então é interrompido.
   - Irei buscar ele. - disse Arthur com um cara de quem estava indo para um confronto.
   - Espere! Eu irei com você... - disse Gimb com os olhos para baixo, como se algo o pesasse a cabeça.
   - Albert... Löw... juntem-se e vão procurar por Genesys. Ele pode estar em qualquer lugar...
   - Certo... - disse Löw enquanto Albert fazia que sim com a cabeça.
   - E tratem de procurar por um navio ou um jeito de sairmos daqui! - gritou Gimb.
   - Sim, não quero ter de andar por toda a praia novamente... - e com esta ultima palavra de Arthur todos saíram dali.

Gimb e Arthur estavam no meio da cidade. Era uma cidade simples com construções de madeira e pregos. Poucos eram as edificações feitas com pedras. E estas eram apenas construções que serviam à coroa de Horntown, como o quartel, a igreja, e a fortaleza do governador. Como Horntown é uma ilha desprovida de minérios, são poucas as pessoas que podem pagar por pedras para construções ou até mesmo jóias. Por isso Horntown tornara-se um grande centro comercial para venda de jóias e outras pedras preciosas.
     Em meio aquele cenário gelado pela brisa matinal, Gimb olhava para todos os lados procurando por pegadas ou alguma pista do Leão Vermelho. Mas não encontrara nem mesmo um pelo. Foi quando Arthur simplesmente se lembrou do anel que haviam encontrado. Sim, o anel que mostrava a localização de todos aqueles que utilizavam o anel. Quando sentiu a presença do anel de Genesys cutucou Gimb e eles foram parar em uma loja de armamentos no mercado.
     Assim que chegaram se depararam com um gnomo sentado em um balcão contado várias moedas em um saco e admirando um anel prateado em seu dedo. Arthur se aproxima e reconhecendo o anel pergunta ao gnomo:
   - Vendedor, como o senhor conseguiu este anel?
   - Ah? Este aqui? Ah sim! Hoje foi meio dia de sorte, entende? Um jovem veio aqui e me deu este anel, sem falar que comprou algumas coisas! Mas me digam rapazes, estão interessados em alguma coisa?
   - Não, obrigado... - despediu-se Arthur.
   - Obrigado por nada... - falou Gimb, irritado.
     Seguiram em frente até que Gimb conseguiu encontrar as pegadas de Genesys saindo daquela loja e indo para uma taverna ali perto. Ela não estava muito cheia mas estava com um pessoal um tanto peculiar, só que dada as circunstancias em que se encontravam não deram a mínima. Chegaram perto do pomposo senhor que se encontrava atrás do balcão contando moedas de um saco familiar do que havia sido visto na mão do gnomo de momentos antes.
   - Bom-dia, Senhores! Como posso ajuda-los? - cumprimentou o taverneiro com um grande sorriso no rosto
   - Você viu um kemono passar por aqui? - perguntou Arthur, já um tanto preocupado.
   - Hum... não - disse o taverneiro com toda a calmaria do mundo. Calmaria até de mais.
   - Tem certeza que não viu nada? - Gimb parecia irritado.
   - Tenho sim, não há muitos kemonos por aqui, com certeza eu me lembraria de um. - por mais que o taverneiro falasse com palavras que parecessem verdade, Arthur já havia entendido o significado das moedas nas mãos dele e do gnomo.
     Com calma despediu-se e começou a seguir as pegadas e Genesys. Gimb, vendo que seu amigo já havia ido, se retirou junto a ele. Desta vez as pegas iam um tanto longe e distantes da cidade. Levando-os para uma construção de pedras brancas e belíssimas. A edificação formava uma cúpula perfeita que possuia uma placa com os seguintes dizeres:
"Portal para a Estação de 
Aeroplanos de Horntown"

     Ao lerem aquilo o pior passou pela cabeça de todos. Ele estava indo embora mesmo. Entraram na cúpula e, passando pelo homem estranho que cuidava do lugar utilizaram de sua invisibilidade e entraram no portal sem que ele os notasse. Lá em cima na estação que flutuava bem acima de Horntown eles procuravam Genesys, mas estava muito cheio lá em cima. Pessoas de todos os cantos de Wayland pareciam ter se juntado em um lugar só. Ou pelo menos essa era a noção que Gimb tinha, sendo um halfling em um lugar tão cheio de gente.
     Arthur então vê Genesys na distancia, do outro lado da estação. Ele agarra Gimb e tenta correr na direção, passando pelas pessoas. Mas percebe que não era ele. Ele estava do lado de um grupo curioso de homens fortes, roupas negras, cabelos longos e claymores nas costas. Por mais que eles falassem em outra língua, uma língua bárbara, ele conseguiu de alguma forma entender certas palavras. E assim descobriu que ele havia passado por ali e estava mesmo do outro lado da estação, mas havia olhado para o lado errado. 
     Quando seguiu as instruções dos homens ele e Gimb encontraram Genesys que estava em uma curta fila para entrar em um Shipair. Gimb então dispara contra Genesys um de seus "projetis pedregulhosos", uma rocha. Genesys, instintivamente se abaixa. Mas ao olhar para os lados, nada percebeu. Ou nada quis perceber. Ele então entra no aeroplano, sendo o ultimo da fila o aeroplano estava prestes a se retirar.
     Arthur põe Gimb nas costas e sai correndo em disparada do aeroplano. Mas quando chegam o guarda tenta parar ele. Foi quando o halfling cochichou para ele que iria ajuda-lo a passar por ele. Gimb chamou a atenção do guarda e Arthur pode ficar invisível para entrar no aeroplano. Era um aeroplano pequeno, como se fosse um mini-shipair. Lá haviam poucas pessoas, o que facilitou para ele encontrar Genesys sentado com o baú no assento ao lado, olhando pela janela em direção ao horizonte.
   - O que está fazendo? - disse Arthur tornando-se visível.
   - Estou indo para Cleaveland... - respondeu Genesys com os olhos ainda no horizonte.
   - Por que?
   - Senhor, posso ver seu  passe? - disse um homem em trajes vermelhos e azuis para Genesys.
     O Leão Vermelho, com um leve sorriso no rosto mostrou o passe para o homem. Ele sabia que não tinha Arthur ter um, já que ele havia comprado o último. Então ficou olhando para Arthur.
   - Senhor?
   - Não tenho um passe. Mas já estou de saída... - disse Arthur torando-se invisível, mas permanecendo imóvel.
     O homem, que ficara espantado com o que havia acontecido, grita que havia um clandestino. Logo um gás roxo é solto pelo  pequeno aeroplano. O homem em vermelho então acalma os passageiros do aeroplano explicando que aquele gás não era tóxico, mas que iria ajudar a encontrar o intruso. Arthur, percebendo que o gás não preenchia o espaço onde estava parado (revelando-o) sai dali o mais rápido possível, abandonando o lugar.
     Ele então volta para o lado do aeroplano, tornando-se visível novamente. A reação de Gimb não fora de surpresa mas sim de tristeza ao ouvir que ele iria para longe e não pretendia voltar. Eles então olharam juntos para o aeroplano que se erguia.
     O aeroplano ergueu-se lentamente e vez uma volta, mostrando a janela onde Genesys estava. Seus olhos ainda visavam o horizonte, e nada mais. Gimb disparou três projetis contra a janela de Genesys. O primeiro rachou a janela, chamando a atenção dele. A segunda quebrou a janela, e a ultima entrou para dentro da cabine onde se encontrava. Gimb aproveitou a abertura  e se teleportou para lá. 
     Ele viu seu companheiro juntando as pedras que ele havia disparado. Gimb olhando em seus olhos, disse:
   - É isso o que quer, Genesys?
   - Estou certo de minhas escolhas... 
   - ... - ele nota o ato de Genesys - Devolva minhas pedras
     Genesys entrega-lhe apenas duas, mas Gimb pega a ultima da mão dele. 
   - Eu queria... guardar um lembr... - Genesys foi interrompido pelo som de teleporte de Gimb, que sumira de sua frente.
     Ele levanta-se e, com o baú em mãos e a espada nas costas, ele se retira daquela cabine e vai para outra, onde pode descansar. Para ele era o melhor a se fazer. Nada que fazia era compreendido por seus amigos, que não conseguiam enxergar felicidade e utilidade nos atos de Genesys. Tudo que ele queria era que eles entendessem que a força de um é a de todos, e vise-versa. "Sim, devo fazer isso..." - pensou Genesys, decidido de seus atos.

...se separar?